Energia Renovável

Necessidade de Mudança

As sociedades humanas não poderiam funcionar e desenvolver-se sem energia. Contudo, os moldes de energia não são sustentáveis. A dependência das fontes de energia fóssil, não renováveis e poluentes, como o petróleo e o carvão, e a utilização não racional e pouco eficiente de energia, deverão dar lugar a novas apostas. Há consenso sobre que as linhas de actuação nesta área deverão passar, quer pelo desenvolvimento das energias renováveis, quer pelas promoções da eficiência energética e de usos mais racionais de energia, e ainda pela diminuição da poluição.

Para o efeito a ENERAREA pretende promover a utilização dos recursos endógenos, proporcionando condições impulsionadoras para a criação de um clima propício ao desenvolvimento das Energias Renováveis na Beira Interior.

“Agora pense um pouco”

Já imaginou no que seria de si sem a sua televisão todos os dias? Ou sem o duche reconfortante todas as manhãs? Ou ainda pior, ir de bicicleta para o emprego que fica a 40 Km de casa. Sabia que para usufruirmos deste e doutros tipos de “luxos” são gastos milhões de toneladas de combustíveis fosseis. E o pior é que estes combustíveis vão acabar, num máximo de 50 anos para alguns. É caso para pensar “e depois?”. Bem, depois será tarde demais para dar energia às energias renováveis.

Os grandes booms das renováveis, em geral surgiram sempre após os choques petrolíferos, o primeiro em 1973 quando os líderes da OPEP resolveram reduzir intencionalmente a produção de barris de petróleo para aumentar o seu preço, o segundo em 1978/79, devido à guerra entre o Iraque e Irão (potenciais produtores de petróleo). Por um lado, a necessidade de assegurar a diversidade e segurança no fornecimento de energia e, por outro lado, a obrigação de proteger o ambiente, cuja degradação é acentuada pelo uso de combustíveis fosseis, motivaram o renovado interesse pelas renováveis.

Está mais que visto, que as preocupações com o ambiente contribuem para o sucesso temporário da implementação das energias renoveis. Porém a euforia acaba, assim que os preços do petróleo baixe, e podemos todos continuar a pensar que os combustíveis fósseis nunca vão acabar.

É necessário mudar de políticas e atitudes de modo a diminuir significativamente as importações de grandes quantidades de combustíveis fosseis, negligenciando o grande potencial energético-económico de que dispomos no nosso País.

Se não vejamos: 

Energia Solar

O fluxo de radiação solar que atinge anualmente a superfície terrestre é 8 vezes superior ao valor equivalente das reservas de combustíveis fosseis e nucleares conhecidas na actualidade. Dado que o nosso país possui uma elevada insolação anual – chega a atingir cerca de 3 000 horas de sol por ano em alguns locais – a energia solar é com certeza uma alternativa economicamente viável.

A energia da radiação solar pode ser aproveitada por diferentes formas: de forma passiva ou activa.

O sistema passivo é utilizado na forma como se constróem os edifícios. Por exemplo no caso de uma habitação o alçado principal deve ficar orientado para sul, com palas e estores exteriores que o sombreiam, ou então se possível com árvores de folha caduca (com folhas no Verão para produzirem sombra e sem folhas no Inverno para permitirem a passagem dos raios solares) permitindo captar o sol no Inverno e evita-lo no Verão.

Relativamente ao sistema solar activo poderá encontra-lo em duas formas distintas – térmico ou fotovoltaico - No caso do sistema solar activo térmico, existe um colector solar (painel) que devido às radiações solares incidentes absorvidas permitem o aquecimento de um determinado fluido, água ou ar. Este sistema solar é usado com facilidade e com custos compensadores para os investidores. A sua utilização em casas pode ser suficiente para o aquecimento de água, sanitárias, e de piscinas, etc...

Por outro lado no caso do sistema solar activo Fotovoltaicos, os painéis solares constituídos por um material semicondutor (o silício) que em contacto com outras determinadas substâncias, conseguem converter as potências associada à radiação solar em potência eléctrica. Este sistema produz energia eléctrica com elevada fiabilidade, e a sua manutenção é baixa, limitando-se essencialmente ao sistema de acumulação de energia no caso dos sistemas autónomos.

São também conhecidas as vantagens ambientais deste tipo de sistemas, que não emitem gases de efeito de estufa e não produzem ruído.

De referir que em Portugal e face à radiação solar média incidente um painel com cerca de um m2 tem a capacidade de produzir a energia média anual de cerca de 124.38 kWh.

Energia da Biomassa

Outra fonte potencial de energia são os resíduos florestais. Por exemplo a biomassa, que é produzida através da lenha e dos resíduos da indústria da madeira, é já uma notável contribuição para o balanço de energia final no país. O aspecto de maior ênfase, está associado ao aproveitamento das toneladas de resíduos florestais, que podem ser aproveitados como fonte potencial de energia e deste modo contribuir para a diminuição do risco de incêndios florestais promovendo, a correcta gestão dos povoamentos florestais, a fixação da população, e a diminuição da dependência externa.

Energia Eólica

A fúria dos Deuses. As lendas e mitos populares relacionam sempre estas forças da natureza com algo negativo e poderoso. Porém a espantosa força dos ventos pode ser aproveitada como um negócio bastante rentável. Segundo os investidores “Melhor que as galinhas de ovos de ouro”.

Este tipo de energia renovável resulta da energia cinética do ar, que se desloca por efeito das diferentes pressões atmosféricas entre regiões distintas. Essas diferenças de pressão têm uma origem nas diferenças térmicas provocadas pela energia solar e os processos de aquecimento das massas de ar, continentais e marítimas.

O vento forte faz rodar as hélices das turbina adaptada para o vento (vulgos aerogeradores, ou moinhos eólicos) em vez do vapor ou da água é o vento que faz girar a turbina. A ventoinha da turbina está ligada a um eixo central que contém em cima um fuso rotativo. Este eixo chega até uma caixa de transmissão onde a velocidade de rotação é multiplicada (aumentada). O gerador que por sua vez está ligado ao transmissor produz energia eléctrica.

Existe ainda uma particularidade neste sistema que no caso do vento se tornar muito forte (velocidade superiores a 25 m/Seg.) os aerogeradores accionam um travão que impede a rotação das hélices, impedindo eventuais danos nos mesmos.

Todavia as velocidades do vento variam durante o ano, sendo mais intenso no verão quando o ar se movimenta do interior quente para o litoral mais fresco. De referir que as velocidades médias de vento viáveis para accionar os aerogeradores e posterior produção de energia eléctrica situa-se entre os 7m/seg e os 25m/seg. Os sistemas de tamanho mais reduzido são rentáveis a velocidades médias de 5m/seg.
De referir que se a velocidade do vento duplicar, a potência multiplicar-se-á 8 vezes e, abaixo de um determinado limiar, a produção será nula.

Sabia que cada turbina produz entre 50 a 300 quilowatts de energia eléctrica. Com 1000 watts podemos acender 10 lâmpadas de 100 watts; assim, 300 quilowatts acendem 3000 lâmpadas de 100 watts cada.

Contudo a energia eólica têm-se desenvolvido pouco em Portugal. Tarifário inadequado, inexistência de infra-estruturas para ligação à rede, oposição de grupos ambientalistas, de populações, de organismos do ministério do ambiente, EDP, licenciamento injustificado e moroso, especulação com bons locais de instalação, etc. . .

A estas deve acrescentar-se uma outra, a do facto de o recurso não estar ainda suficientemente avaliado, sendo, por outro lado necessário efectuar medidas e estudos detalhados da viabilidade deste recurso energético.

Uma objecção que se costuma ouvir sobre a energia eólica consiste na ideia de que os geradores poluem esteticamente a paisagem, isto é francamente discutível, tanto mais que existem muitas formas de os colocar, integrando-os e cuidando-lhes a estética para reduzir o seu impacte visual ou, mesmo, para tirar dele partido. De referir que cada vez mais se assiste à colocação de antenas de telecomunicações, com características muito piores do ponto de vista estético.

Outra objecção é a da possibilidade de danificarem a fauna avícola, sobretudo a migratória, embora não estejam documentados os casos genuínos deste tipo de impacto.

Em geral é bom fazer notar que este tipo de consequências é bem mais leve que as alternativas poluentes que estas formas de energia substituem e que esse facto deve também constar na ponderação da equação ecológica.

Em Portugal existem algumas zonas onde o potencial da energia eólica pode justificar a sua exploração. A conversão da energia eólica em energia eléctrica é realizada por intermédio de Aerogeradores. Quando montados em grupo estes constituem os parques eólicos (wind farms), geralmente instalados em parques, em locais abertos, onde a velocidade média anual do vento seja em média entre os 6 e 7 m/s. No nosso País já existem alguns casos de aproveitamento deste tipo de energia. Este tipo de energia pode mesmo ser aproveitada para casos particulares como é o caso dos retransmissores da Portugal Telecom na Serra da Estrela e da Gardunha que são abastecidos por energia a partir de Aerogeradores e de painéis Fotovoltaicos.

Energia hidráulica

Entre os finais do Sec. XIX e os princípios do Sec. XX, instalaram-se muitas centrais hidroeléctricas com potências compreendidas entre algumas dezenas e poucos milhares de quilowatts, precisamente o domínio de potências que hoje levaria a classifica-las como pequenas centrais hidroeléctrica, ou, na linguagem corrente, centrais mini-hídricas.

Os progressos entretanto verificados na transmissão da energia eléctrica permitiram que os países alta e medianamente industrializados passassem a estar cobertos por redes eléctricas densamente malhadas. Estas circunstâncias, aliadas ao facto de as reservas de combustíveis fósseis de fácil extracção serem consideradas como praticamente inesgotáveis, e serem em número apreciável os locais com condições favoráveis à instalação de grandes aproveitamentos hidroeléctricos, levou a que a produção de energia eléctrica se concentrasse em poucas centrais de elevada potência instalada, beneficiando da inerente economia de escala.

A energia hidroeléctrica é a electricidade produzida através do movimento da água. A energia hidroeléctrica usa a energia cinética da água para produzir electricidade. Para se obter a referida energia, são construídos diques (barragens) nos curso de água para armazenamento temporário de água, obrigando-a mais tarde a passar pelas turbinas. A partir deste ponto o processo repete-se, o gerador que está ligado à turbina irá transformar a energia mecânica em energia eléctrica.

Biogás

O biogás resulta da degradação anaeróbica da matéria orgânica, consistindo principalmente em dois gases – metano e dióxido de carbono. A sua instalação é rentável, sob o ponto de vista económico e ambiental, nas explorações quase auto-suficiente do ponto de vista energético, alem de reutilizar uns resíduos com um elevado potencial poluidor. Um exemplo de valorização do biogás, segundo informações da CEE, é o praticado por uma agro-pecuária na Azambuja, que gere mais de 7000 suínos. Esta pecuária trata através de digestão anaeróbia os efluentes gerados pela sua actividade, e ao mesmo tempo valoriza energeticamente o biogás produzido. A valorização faz-se através de sistemas de queima directa, por exemplo no aquecimento das instalações pecuárias, e os sistemas de co-geração para a produção de energia eléctrica e térmica.

A receita anual assim obtida permitiu amortizar em três anos o investimento efectuado e reduzir significativamente a factura energética da exploração.

Em suma 

Porquê não apostar nas energias renováveis, energias estas que têm um interesse vital para o crescimento económico sustentável, que contribuem em larga escala para a diminuição do efeito de estufa assim como a importância a nível de empregabilidade. Este é o timing certo para apostar neste tipo de projectos

Uma das actuais linhas da política nacional é a introdução do gás natural. O gás natural, é uma mistura estável de gases cujos oponentes principais são os hidrocarbonetos gasosos, dos quais o metano tem normalmente uma proporção superior a 70%. É a fonte energética de origem fóssil mais limpa. Não emite enxofre, não liberta cinzas e produz menos 40% de dióxido de carbono que o petróleo. Trata-se de uma fonte de energia primária, que pode ser consumida directamente sem necessidade de nenhum processo de transformação industrial e é transportada e distribuída por através de tubagens enterradas no solo. Para assegurar a introdução do gás natural em Portugal o estado criou uma holding a gás de Portugal. Actualmente a distribuição e transporte de gás natural em território nacional está repartida por vários concessionários. A GDP detêm mais de metade.

O melhor aproveitamento dos recursos endógenos nacionais constitui um instrumento indispensável à prossecução dos objectivos da política energética do governo, designadamente a redução da dependência energética externa e dos emissores poluentes, particularmente as que assumem importância relevante para as alterações climáticas.

Reconhece-se também através da experiência com a aplicação da legislação, a necessidade da valorização local da disponibilidade desses, recursos, associados à necessidade de salvaguardar os interesses do mais favorável ordenamento e gestão do território, com destaque para as zonas sensíveis do ponto de vista ambiental.